sábado, 30 de dezembro de 2006

Olho por olho...

Qual não foi o meu espanto quando ao abrir hoje a página web do jornal "O Público" vejo como primeira notícia que Saddam Hussein foi executado. O meu espanto não foi tanto pela notícia em si mas pela rapidez desta mesma execução que ainda ontem havia visto ser anunciada para nunca antes de 27 de Janeiro de 2007.
Tirano, ditador, assassino, sonhador...visões e opiniões biográficas à parte, sou totalmente contra a forma como todo este processo foi levado a cabo e esta morte tão apressada vem culminar corroborando a minha opinião. Talvez seja conveniente para algumas nações "democratas" deste nosso mundo que tudo se processe tão depressa, alguns soldados terão mais algumas aulas de tiro, mais algumas famílias ficarão nas mãos de certas potências e empresas "benfeitoras" e os preços de certos produtos voltem a aumentar, factos que favorecem alguns (como todos sabemos) especialmente em fim de ano, época de ainda maior inflação de preços.
Que em nenhum momento deste meu post ninguém fique com a ideia que sou admirador ou defensor do assassino, que o foi, Saddam, mas não posso deixar de criticar a forma como decorreu todo este processo desde a sua captura em Dezembro de 2003. Tal como ocorreu em outros casos infelizmente semelhantes em que os criminosos foram, e para tal todos apelaram, julgados num tribunal totalmente legal, justo e imparcial, como o é o Tribunal Penal Internacional, neste caso particular estranhamente quem para tal teria poder nunca defendeu tal via para julgar os crimes perpetrados por Saddam Hussein.
Talvez por não existir fora de certas esferas esta hedionda condenação que é a pena de morte e, no caso em concreto, o vergonhoso recurso à primitiva, medieval forca. Ou talvez por serem necessários para alguns os efeitos nefastos e positivos que este acontecimento terá.
Independentemente de todas as posições e desígnios de cada um, os crimes atrozes cometidos por Saddam nunca poderiam ficar impunes e não conheço ninguém que desejasse o contrário. Agora defendo é que nunca devemos dar a um tirano uma morte tirânica e dessa forma rebaixarmo-nos ao seu nível, se não descer ainda mais baixo. Devemos reflectir se enforcar um homem que mandou gazear, enforcar e matou pelas suas próprias mãos inúmeras vidas humanas deverá ser morto da mesma forma...pois que se assim for entraremos num terrível círculo vicioso e muitas serão as cabeças a rolar...Dente por dente...
Todas as vidas merecem uma morte digna e se existe quem cometa actos bárbaros como aqueles pelos quais Saddam Hussein foi esta madrugada executado, essa mesma pessoa tem o direito a um julgamento justo que o faça pagar de forma "humana" por esses mesmos crimes. Existirá pena mais dura que ficar encarcerado em dois metros quadrados até ao final dos nossos dias, com o pensamento de tudo o que fizemos a assaltar-nos a mente a cada instante?!

Para esclarecimento, sou partidário da prisão perpétua mas acérrimo crítico de qualquer outro tipo de pena de morte.

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