Eram sensivelmente 22h15m quando vestida de branco a menina Colbie Caillat subiu ao palco do Coliseu de Lisboa - mais ou menos a hora a que também estaria a sair da Estação do Oriente o meu último comboio para regressar à cidade dos estudantes, mas as críticas virão mais adiante.
Pautado por um tom intimista e uma atmosfera de concerto acústico, o primeiro concerto desta jovem cantora norte-americana em Portugal foi apaixonante, fluindo de uma forma natural e aprazível entre temas do seu reportório e covers de outros intérpretes - como a emocionante versão de Killing Me Softly (original dos Fugees e interpretada por Lauryn Hill). Para os amantes daquilo que escutam no CD, praticamente a única coisa que se mantinha eram as letras porque a atmosfera e a música foi nos trazida em versões bem diferentes das do formato de estúdio.
A juventude e curta experiência internacional de Colbie foi a espaços notada com algumas quebras na interacção com o público, a qual era quase que de imediato contrabalançada por momentos de grande intimidade e cumplicidade entre artista e admirador quando a menina Caillat contava a história por detrás da escrita de determinadas letras.
O momento alto, pessoalmente, de todo o concerto foi quando Colbie se apresentou bem no centro do palco e próximo dos espectadores e, rodeada por quatro dos seus talentosos músicos, tocou uma das suas músicas bem ao estilo havaiano acompanhada de um cavaquinho, o qual depois referiu saber ser de origem portuguesa, algo que foi apreciado e aplaudido por toda a plateia.
Resumindo, sem o mediatismo de uma Amy Whinehouse ou as inúmeras mudanças de indumentária de uma Madonna, tivemos uma simples mas deslumbrante princesa de "pé no chão" que cantou e encantou.
Não poderei, contudo, terminar este meu texto sem deixar algumas críticas à organização deste evento. Apesar de ainda ter decorrido em Setembro, a meteorologia é, hoje, algo de bastante inconstante e a ameaça de chuva era uma realidade, ora eu pergunto à entidade organizadora como seriam tratados os espectadores fosse essa possibilidade uma realidade, será que a nossa relação com estas é apenas pagar o bilhete e depois somos esquecidos?! E o horário?! Esta para mim a principal crítica que tenho a fazer. que tivesse de ser a um Domingo, até compreendo pois a agenda de um artista é algo de complexa gestão, mas num contexto social em que muita da cultura é já por si um acto elitista, porquê torná-lo ainda mais, o concerto estava a começar mais ou menos no mesmo momento em que estaria a partir de Lisboa o meu último comboio, o que me deixou com duas alternativas: hotel ou carro (mais gasóleo, mais portagens, mais alimentação)...Será que temos de ser de Lisboa (ou do Porto) para usufruirmos em pleno de eventos culturais?! E mesmo reconhecendo que esses são os centros da cultura no nosso país, não mereceiam as pessoas de outras partes do país maior consideração enquanto amantes da cultura?! Ou esta é mesmo só para alguns eleitos?! Concluindo, lá cheguei a casa pelas 2h da manhã...
Bem hajam!!!