terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Gira a Fita em...Jogos de Poder

Após um longo período de um certo marasmo cinematográfico (pelo menos nas escolhas das editoras portuguesas) dou comigo no meio dum dilema...Que filme escolher? Quatro eram as minhas opções e difícil foi a escolha. No final ao sair da escura e familiar sala de cinema, a sensação era óptima, a de uma escolha acertada.

Disfarçadas sob um humor acutilante estão mensagens importantes devemos estar atentos...Charlie Wilson's War - título português "Jogos de Poder".
Através deste filme entramos nos meandros da mais pura política e diplomacia, somos enviados para o âmago dessas áreas que tanto evitamos e, por vezes, tememos mas que aqui encaramos com uma leviandade por vezes necessária para aí penetrar e para perceber sectores-chave como estes na nossa sociedade. Este filme delicia-nos com diálogos plenos de sarcasmo, engrandecidos por um elenco bem a rigor e cujos créditos estão já bem demonstrados. Contudo, é tudo menos uma comédia e transporta consigo lições do nosso passado recente mas que parecem, de certa forma, já esquecidas. Apresenta-nos erros que ainda hoje cometemos. Deveria servir de recado para o futuro.
Creio que este filme pode também para as pessoas da minha geração e para aqueles que já pertencem à seguinte, servir um fundo histórico-cultural, visto abordar duma forma bastante interessante um tema sensível, que ainda marca os nossos dias e o mundo em que vivemos, mas que parece ser cada vez mais negligenciado e a que os nossos manuais escolares não dão a mais adequada atenção...A Guerra Fria. Deixo a cada um a liberdade do ponto de vista, não vou aqui dissertar sobre a parcialidade ou imparcialidade do visão exposta, nem sobre Comunismo e Socialismo, mas não podia deixar de referir que me agradou o lado mais factual do filme e que também deverá ser olhado por esse prismas.
No que ao elenco diz respeito, pouco há a dizer. A dupla Tom Hanks\Julia Roberts demonstra uma compatibilidade bastante boa no ecrã, algo que apreciei bastante. Ambos continuam a demonstrar a sua enormíssima e inquestionável qualidade, demonstrando o porquê da sua, por vezes, longa ausência do Grande Ecrã, qualidade acima de tudo, e este filme apresenta-a. E reforça-a, inclusive, com Philip Seymour Hoffman (Capote ou Magnolia), um actor com uma grande presença em cada personagem que encarna mas com o qual, tendencialmente, o espectador cria uma relação de amor-ódio...um actor carismático mas com algo ainda para dar. Uma referência deverá também que ser feita ao elenco "secundário" com o elenco do Médio Oriente, destacando e homenagiando Om Puri, e ao reciclar de jovens actrizes como Amy Adams (Catch Me If You Can) ou Shiri Appleby ("escondida" por entre séries e conhecida por nós essencialmente por uma delas, Roswell).
Por fim deixo uma última nota (ou melhor, duas) para as imagens de arquivo apresentadas, que como é creditado no final do filme, são fruto de pesquisa e não de concepção em "laboratório"; e a outra nota vai para a banda sonora que não sendo excepcional, também não se trata dum épico que tal exija, mas que acompanha bastante bem o filme, de forma constantemente coerente e equilibrada com a acção a decorrer.

Posto isto, não façam como eu, não adiem escolhas e bons momentos no cinema e se estiverem indecisos, Jogos de Poder será uma boa escolha...isto se não quiserem só puro e barato entretenimento...



Bem hajam!!!

Sem comentários: