Após um longo período de um certo marasmo cinematográfico (pelo menos nas escolhas das editoras portuguesas) dou comigo no meio dum dilema...Que filme escolher? Quatro eram as minhas opções e difícil foi a escolha. No final ao sair da escura e familiar sala de cinema, a sensação era óptima, a de uma escolha acertada.
Disfarçadas sob um humor acutilante estão mensagens importantes devemos estar atentos...Charlie Wilson's War - título português "Jogos de Poder".
Através deste filme entramos nos meandros da mais pura política e diplomacia, somos enviados para o âmago dessas áreas que tanto evitamos e, por vezes, tememos mas que aqui encaramos com uma leviandade por vezes necessária para aí penetrar e para perceber sectores-chave como estes na nossa sociedade. Este filme delicia-nos com diálogos plenos de sarcasmo, engrandecidos por um elenco bem a rigor e cujos créditos estão já bem demonstrados. Contudo, é tudo menos uma comédia e transporta consigo lições do nosso passado recente mas que parecem, de certa forma, já esquecidas. Apresenta-nos erros que ainda hoje cometemos. Deveria servir de recado para o futuro.
Creio que este filme pode também para as pessoas da minha geração e para aqueles que já pertencem à seguinte, servir um fundo histórico-cultural, visto abordar duma forma bastante interessante um tema sensível, que ainda marca os nossos dias e o mundo em que vivemos, mas que parece ser cada vez mais negligenciado e a que os nossos manuais escolares não dão a mais adequada atenção...A Guerra Fria. Deixo a cada um a liberdade do ponto de vista, não vou aqui dissertar sobre a parcialidade ou imparcialidade do visão exposta, nem sobre Comunismo e Socialismo, mas não podia deixar de referir que me agradou o lado mais factual do filme e que também deverá ser olhado por esse prismas.
No que ao elenco diz respeito, pouco há a dizer. A dupla Tom Hanks\Julia Roberts demonstra uma compatibilidade bastante boa no ecrã, algo que apreciei bastante. Ambos continuam a demonstrar a sua enormíssima e inquestionável qualidade, demonstrando o porquê da sua, por vezes, longa ausência do Grande Ecrã, qualidade acima de tudo, e este filme apresenta-a. E reforça-a, inclusive, com Philip Seymour Hoffman (Capote ou Magnolia), um actor com uma grande presença em cada personagem que encarna mas com o qual, tendencialmente, o espectador cria uma relação de amor-ódio...um actor carismático mas com algo ainda para dar. Uma referência deverá também que ser feita ao elenco "secundário" com o elenco do Médio Oriente, destacando e homenagiando Om Puri, e ao reciclar de jovens actrizes como Amy Adams (Catch Me If You Can) ou Shiri Appleby ("escondida" por entre séries e conhecida por nós essencialmente por uma delas, Roswell).
Por fim deixo uma última nota (ou melhor, duas) para as imagens de arquivo apresentadas, que como é creditado no final do filme, são fruto de pesquisa e não de concepção em "laboratório"; e a outra nota vai para a banda sonora que não sendo excepcional, também não se trata dum épico que tal exija, mas que acompanha bastante bem o filme, de forma constantemente coerente e equilibrada com a acção a decorrer.
Posto isto, não façam como eu, não adiem escolhas e bons momentos no cinema e se estiverem indecisos, Jogos de Poder será uma boa escolha...isto se não quiserem só puro e barato entretenimento...
Bem hajam!!!
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