Foi então ontem (Quarta, 25 de Abril - dia escolhido por agenda ou talvez não...) a inaugurar o polémico Túnel do Marquês de Pombal...
Longe de mim criticar quem opina que o tráfego motorizado tem de ser, e bastante, reduzido nos grandes centros urbanos, e acima de tudo Lisboa, ou não fosse maior desses aglomerados populacionais. Na nossa capital, ao contrário de outras por esse mundo fora, a solução não foi limitar esse fluxo poluente que todos os dias ataca os que naquela cidade vivem mas sim tentar ter um bocadinho menos de impacto ambiental (quero eu pensar que o ambiente foi a prioridade!!!) reduzindo a dimensão dos frequentes engarrafamentos de trânsito na zona da cidade em questão. Nem sei se o impacto ambiental em termos de poluição será realmente menor. O eventual e pequeníssimo ganho que se tenha com a redução do tempo de viagem, e por conseguinte menor emissão de gases poluentes, «poderá a curtíssimo prazo ser ultrapassado pelo aumento de carros que atraídos pelo "agora chega-se mais depressa à baixa" passem a demandar os terrenos do marquês».
Se é verdade que caso esta obra resulte em menos tempo de espera dos automóveis em intermináveis filas (algo em que não acredito muito), isso vai também causar um muito ligeiro abrandamento na quantidade de gases emitidos pelos muitos veículos que circulam por Lisboa diariamente...Mas será que o fantasma de 1755 não paira nas cabeças dos habitantes da nossa capital?!?!
Para quem desconhece, a estrutura sobre a qual assenta a cidade de Lisboa é bastante frágil, constituída por uma terra bastante permeável à água e com meras estruturas de madeira a suportar ainda uma enorme quantidade de casas, com toda a fragilidade que tais estruturas acarretam. Esta situação foi levantada inúmeras vezes por peritos e entidades estudiosas da matéria, mas o Túnel do Marquês, única obra visível de Carmona Rodrigues (apesar de não ser projecto seu), avançou mesmo e vai agora interferir numa das zonas mais delicadas de toda essa já de si frágil estrutura da cidade, abrindo assim uma grande porta de entrada para muita água no próximo Inverno para o mundo subterrâneo que sustém Lisboa e que com dificuldade suportou o terramoto de 1755...sim, esse, o tal que se deveria repetir após 250 anos e que já vem com atraso...A construção de obras subterrâneas na baixa pombalina funcionam ainda como autênticas barragens invisíveis, mas presentes, que impedem a circulação subterrânea da água, levando a que as estruturas de madeira em que assentam milhares de edifícios alfacinhas sequem e apodreçam levando à ruína dos edifícios mesmo sem que se verifique um novo abanão sísmico com origem no Mar da Palha.
Esperemos que o Marquês não caia e que mesmo que "resvés Campo de Ourique" a cidade de Lisboa, nossa capital, e não do Senhor Carmona, saia apenas levemente ferida.
Bem hajam!!!
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