sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Gira a Fita em...Changeling


Uma catadupa de emoções.

Clint Eastwood assina um filme duro, perturbador e extremamente exigente em termos emocionais que valeu a esta película a nomeação para três estatuetas douradas de Hollywood (talvez merecendo alguma enquanto filme), incluindo a indiscutível nomeação de Angelina Jolie para melhor actriz.
Os primeiros momentos do filme servem para criar no espectador uma relação de empatia com o sincero e pleno de amor relacionamento entre Christine Collins (Jolie) - mãe solteira - e o seu filho Walter Collins (Gattlin Griffith). O primeiro golpe emocional surge pouco depois dessa empatia ser criada, com o misterioso desaparecimento de Walter, no dia em que deveria ter ido ao cinema com a mãe mas em que acaba por ter de ficar sozinho em casa. Confrontada com esta dolorosa situação, Christine tenta por todos os meios encontrar o seu filho e é, ironicamente, quando recorre à polícia que tudo se agrava ainda mais.
Decidindo ir contra tudo e contra todos (e convém não esquecer que o filme decorre nas décadas de 20/30 do século XX), descobrindo a fragilidade da posição social da mulher num sistema incrivelmente corrupto onde a mulher não era um elo mais fraco mas sim muitíssimo mais fraco, tratada sem dignidade e respeito pelas próprias forças de autoridade. Algum tempo depois, Christine é contactada com a "boa" notícia do encontro do seu filho. Contudo, ao ir receber o rapaz encontrado, este não é o seu filho e esta mãe vê-se envolvida num jogo sem escrúpulos no qual era um fantoche para uma polícia que não podia passar uma imagem de inoperância e incompetência, sendo forçada a receber este "filho".
Christine não desiste e vai mover montanhas até obter respostas. Uma história de luta e esperança com o amor materno como energia motivadora, que convém não esquecer é baseada em acontecimentos verídicos.

Quanto a presenças no ecrã, escusado será apresentar Angelina Jolie mas quero somente destacar a sua prestação, uma das melhores (se não a melhor) que vi por parte desta actriz, certamente que a maternidade a nível pessoal terá ajudado a um tão marcante desempenho. Mas quero destacar a presença de Malkovitch, que nunca passa como "mera" personagem secundária, e duas personagens em particular - Gordon e o Capitão Jones. Mais ou menos a um terço deste filme, a história sofre uma reviravolta com o surgimento da personagem Gordon Northcott (Jason Butler Harner - The Good Shepherd) e que empresta a esta película um lado mais macabro e sombrio mas simultaneamente emotivo. Uma presença mais constante ao longo do filme e uma personagem pela qual chegamos mesmo a nutrir alguma empatia no final do mesmo por ser como que um bode expiatório para a ganância de poder daqueles que acima dela na pirãmide se econtram é o Capitão J. J. Jones (Jeffrey Donovan - entre nós mais conhecido pela série televisiva Burn Notice) mas que tem vindo a evoluir consideravelmente enquanto actor e que empresta, por sua vez, ao grande ecrã uma das suas mais curiosas e interessantes características enquanto actor, a sua expressividade e presença, não sendo dos melhores actores a outros níveis, tem vindo a progredir positivamente.

Um filme sem dúvida a ver e que merece reconhecimento em forma de estatueta dourada por parte da Academia, e que melhor distinção do que o merecido Óscar de Melhor Actriz para Angelina Jolie...veremos, pois também não tive ainda a oportunidade de visionar os filmes onde entram as outras senhoras candidatas, contudo este é já um adversário de peso.





Bem hajam!!!

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