segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Gira a Fita em...I'm Not There

I'm Not There é um filme bastante complexo e pesado. Considerado por alguns como a reconstituição de pedaços da conturbada vida de Bob Dylan, tal não é o carácter que este filme pretende adquirir - tal como afirmam os seus créditos finais, é uma história ficcional com pontuais momentos verídicos.
Com estreia marcada no nosso país para 6 de Março, quem for ver este filme deve preparar-se para uma constante ginástica mental, mesmo aqueles que tenham um certo conhecimento das várias épocas retratadas e de Dylan. Outro factor para o qual o espectador deve estar sensível antes de entrar na sala de cinema, é a particularidade de boa parte desta produção ser rodada a preto e branco, característica que muitos (nomeadamente os mais jovens) não aceitam muito bem.
O elenco desta produção dispensa, na sua grande maioria, apresentações, contando com nomes como Richard Gere, Christian Bale, Julian Moore, Cate Blanchett e o recentemente falecido, Heath Ledger, que nos mais uma boa prestação, mas que infelizmente veremos como uma despedida deste talentoso jovem. Contudo, em contexto de contagem decrescente para os Óscares, é nessa perspectiva que me vou ater neste filme e para tal, volto a referir o nome de Cate Blanchett, a qual representa a única nomeação deste filme. Num enredo que não dispõe de actor principal, pois tal destaque seria injusto neste filme feito de recortes, Blanchett surpreende de imediato ao encarnar um papel masculino, mas não se fica por aqui e interpreta de forma exemplar uma das facetas mais excêntricas e exigentes desta história. No campo dos actores, uma nota vai também para o jovem Marcus Carl Franklin e para a actriz Charlotte Gainsbourg - esta mais conhecida do cinema de produção europeia.
I'm Not There mereceria em pleno a vitória para a estatueta a que está proposta, não só pelo desempenho de Blanchett mas igualmente um premiar de todos os outros actores e para a produção, que apesar de não ser brilhante tem os seus méritos em matérias como casting, pesquisa de materiais de diferentes épocas em áreas tão variadas quanto imagens ou variedades dialectais das diferentes personagens, bem como cenários ou caracterizações. A banda sonora é neste filme praticamente toda pertencente a Bob Dylan, pelo que a sua aceitação ou não depende do gosto do espectador para com este artista e seu particular estilo.

A minha posição quanto à atribuição do galardão para melhor actriz secundária é já discernível, pois num filme não muito fácil de ver, só mesmo a interpretação do elenco o poderia tornar mais ligeiro e agradável, e creio ser no seu leque de actores que residirá o seu trunfo para que não seja um fiasco, pelo menos entre o nosso público, ávido sempre pelo mesmo tipo de produção com "muito pouco sal" e de fácil "digestão".
Creio que fica uma sugestão para verdadeiros cinéfilos ou amantes de Bob Dylan e sua época!


Bem hajam!!!

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